Ignorar o que se sente é ser conivente com o que o mundo nos diz de alguma forma. Não sinta, não ria, não chore, não fale, é bobagem, nada aconteceu, isso é drama, isso é mimimi. Quem nunca ouviu uma dessas falas quando na verdade está doendo sim, mas você dá aquele sorriso “amarelo” e passa por cima dos seus sentimentos. Todos os dias somos convidados e pretendemos apresentar uma pseudo fortaleza que ninguém tem.
Mas mostrar o que se sente, é sinônimo de fraqueza, de fragilidade. Num país como o nosso que tudo vira meme, piada diante da dor do outro, fica cada vez mais difícil assumir o que se sente. Muitas pessoas sentem dificuldade de dizer “Não” e dizem sim para um convite ou um pedido que elas jamais aceitariam, porém ignoram o sentimento e fazem o possível e o impossível para agradar o outro, quando está cansado e precisa de se sentir em paz no seu lugar.
Cada vez mais se ignora o que se sente para agradar, para ser forte, para não ser julgado, para fazer parte de um grupo, saiba que assim você está sujeito a adoecer. É claro que ao se viver em sociedade entende-se que há regra e limites, aqui não falo que é possível fazer tudo que se deseja, é na verdade preciso fazer uma “balanço” entre o que desejo, o que o outro deseja e se é possível dizer sim ou não a cada análise de uma situação, se é possível haver algum tipo de negociação para que justos os envolvidos fiquem confortáveis com as decisões tomadas.
No texto do Freud “Princípio do prazer e da realidade” há uma reflexão que leva o leitor a entender que é preciso negociar entre o prazer e a realidade, para que o sujeito do desejo entenda que nem tudo se resume a prazer, individualismo, assim como nem tudo se refere a trabalho, deveres ou regras excessivas como se estivesse vivendo numa ditadura em si mesmo.
Não se deixe alienar por um mundo que exige que todas as pessoas sejam “fortes” produzam riqueza, mas que não terão saúde para usufruir dela. Sinta, seja ao menos seja verdadeiro com você mesmo, assim será mais leve e saudável.